A Rede de Carregamento

Artigo da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos sobre dados da rede de carregamento no mês de setembro de 2025.


Em setembro, a rede carregamento pública em Portugal apresentou um crescimento do número de tomadas, em mais de 6% face ao mês anterior, tendo já ultrapassado as 14.500 unidades. Note-se que, apesar deste aumento, existe um tipo de tomada que se encontra em contraciclo, isto é, a tendência é de diminuição de tomadas CHAdeMO, que já se encontram a ser substituídas por tomadas CCS2.

Dados disponíveis no Observatório da Mobilidade Elétrica, em “Rede de Carregamento > Gerais > Evolução.


Dados disponíveis no Observatório da Mobilidade Elétrica, em “Rede de Carregamento > Gerais > Evolução, selecionando o tipo de tomada “CHAdeMO”.

Quanto à capilaridade, mantém-se o cenário do mês passado, isto é, a rede de carregamento pública chega a quase 100% dos 308 municípios, havendo apenas um município (Santa Cruz das Flores) sem qualquer tomada em serviço. Já quanto aos postos de carregamento rápido, estes já se encontram em 79,9% dos municípios, mais 7,5 pontos percentuais quando comparado com o período homólogo.

Findo o período de verão, a percentagem de utilização dos postos de carregamento reduziu dos 11,3% para os 10%.

No que a tarifas de operação diz respeito, verifica-se que o valor desta tem vindo a aumentar no último ano, sendo este, em termos médios de 0,21€/kWh em setembro 2024 e 0,23€/kWh em setembro de 2025 (+8,5%). Note-se que a estes valores ainda terá de se somar as taxas, impostos e tarifa de energia do CEME. Este aumento está diretamente relacionado com os preços das novas tomadas, que para as mesmas potências apresentam valores mais elevados, e ainda pelo aumento do peso dos postos rápidos e ultrarrápidos no total das tomadas disponíveis que, por norma, apresentam tarifas de operação com valores mais elevados.

Em setembro 2025, aproximadamente 23% das tomadas da rede pública, apresentam tarifas de operação ao kWh, o que representa um aumento de 110% quando comparado com o mesmo mês do ano passado.

O cumprimento do regulamento AFIR continua aquém do exigido, especialmente no que respeita à obrigatoriedade de disponibilizar pagamento por terminal TPA através das chamadas tarifas ad-hoc. Todas as tomadas com potência superior a 50 kW instaladas após maio de 2024 já deveriam oferecer esta opção, mas apenas 20,5% cumprem atualmente este requisito.

Apesar disso, observa-se uma tendência positiva nos postos rápidos instalados antes de maio de 2024: em junho de 2025 apenas 12,3% dispunham desta modalidade de pagamento, valor que subiu para 22,1% em agosto. Contudo, em setembro registou-se uma ligeira queda para 21%, possivelmente devido à instalação de novas tomadas que ainda não estão em conformidade com o AFIR. O pagamento direto por TPA representa uma solução mais prática e imediata para o utilizador, dispensando a necessidade de cartões ou aplicações, mas apresenta um custo médio superior de cerca de 0,06 €/kWh face ao carregamento através de um cartão CEME.

Dados disponíveis no Observatório da Mobilidade Elétrica, em “Rede de Carregamento > Gerais > Resumo.

Como ponto menos positivo, e tal como verificado durante o mês de agosto, em setembro continuou-se a verificar os impactos relacionados com atos de vandalismo nos postos de carga rápida, nomeadamente nos distritos de Setúbal, Lisboa e Leiria. A imagem abaixo mostra o impacto da disponibilidade e das taxas de utilização dos postos de carga rápida no município da Lourinhã, onde a partir de dia 26 de Setembro, praticamente 100% da rede de carregamento rápida foi afectada.

Dados disponíveis no Observatório da Mobilidade Elétrica, em “Rede de Carregamento > Estado da Rede > Distribuição horária > Utilização Diária”, com os filtros “Lourinhã” em Distrito.Municipio e “Fast” em Tipo Carregador.

Para mais detalhes sobre dados da rede pública de carregamento, consulte o Observatório da Mobilidade Elétrica em observatorio.uve.pt