Veículos Elétricos, quantos somos?

Somos muitos e muitos mais seremos.


Henrique Sánchez
Presidente Honorário da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos
Artigo Mensal de Opinião na Revista Blueauto


As vendas de veículos elétricos em Portugal têm tido um crescimento exponencial, atingindo novos recordes anuais, fruto da maior oferta de marcas e de modelos disponíveis, da sua cada vez maior autonomia real, de preços ligeiramente mais reduzidos – no entanto ainda longe de verdadeiros carros e motos populares acessíveis a todos os cidadãos – e de um conjunto de incentivos, bastante atrativo, quer para empresas, quer para particulares:

  • Incentivo de aquisição de um automóvel elétrico
    (2.250€ para empresas e 3.000€ para os particulares)
  • Incentivo a aquisição de uma mota elétrica
    (20% do valor, máximo de 400€)
  • Incentivo a aquisição de uma bicicleta elétrica (250€)
  • Isenção do Imposto Sobre Veículos (lSV)
  • Isenção do Imposto único de Circulação (lUC)
  • Dedução do IVA para as empresas
  • Isenção de Tributação Autónoma em sede de IRC
  • Estacionamento gratuito em algumas cidades do país

Alem de outros pequenos incentivos como sejam os descontos nas travessias das pontes 25 de abril e Vasco da Gama, utilizando o cartão Via Card, e os descontos para o veículo elétrico na travessia de ferry-boat entre Portimão e o Funchal, na Madeira.

A estes incentivos e benefícios podemos adicionar a eficiência dos motores elétricos em relação aos motores de combustão interna, chegando a ser cinco vezes mais eficientes, ao exigir muito menos energia para percorrer a mesma distância, os custos de manutenção, extremamente reduzidos face aos custos de manutenção de um motor de combustão interna, a regeneração dos motores elétricos que permitem cobrir cerca de 20% do consumo de eletricidade do veículo elétrico, produzindo essa mesma energia no próprio veículo, algo impossível num veículo com motor térmico.

A todos estes benefícios adicionamos a não emissão de gases tóxicos e de partículas a nível local, sejam o NOx ou o CO2, que tornam o ar das cidades quase irrespirável, prejudicando gravemente a saúde especialmente dos mais pequenos e dos mais idosos.

Face as alterações climáticas que cada vez mais assolam o nosso planeta, e urgente a redução do consumo dos combustíveis fosseis, redução para a qual cada um de nos pode contribuir através da utilização de um veículo elétrico e, em geral, na sociedade através da eletrificação dos meios de transporte, quer os públicos, quer os coletivos.

Estes são os números totais das vendas de veículos elétricos novos em Portugal e das importações de novos e usados, de automóveis ligeiros e pesados, de passageiros e de mercadorias, bem como nas duas rodas, dos ciclomotores, motociclos, triciclos e quadriciclos, nestas duas últimas tipologias enquadram-se os conhecidos tuk-tuk

Por tipologia e por ano, este é o registo de todos os veículos elétricos matriculados em Portugal e que fazem parte do parque circulante.

Nos BEV (Battery Electric Vehicle), 100% elétricos:

Nos veículos elétricos hibrídos plug-in (PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle), onde só existem registos de automóveis ligeiros de passageiros:

No total dos veículos elétricos (BEV) e (PHEV) agregando todas as tipologias, matriculados em Portugal existiam, no final de 2019, 37.079 veículos elétricos:

Quantos somos?

Somos muitos e muitos mais seremos, pois as perspectivas para 2020 são muito positivas, pois como já referi, além dos novos modelos e das pressões ambientais, entrarão em vigor os novos limites de emissões, estabelecidos pela União Europeia, que estabelecem um máximo de 95g/km por viatura, limite a partir do qual serão aplicadas fortes multas aos fabricantes de automóveis comercializados no espaço europeu.

Como tem variado a composição do parque de veículos elétricos em Portugal?

Em 2013 os ciclomotores eram o tipo de VE do parque em circulação com maior quota (33%), logo seguido dos ligeiros de passageiros (25,3%) e dos triciclos e quadriciclos (23,5%):

Em 2014 os ligeiros de passageiros (29,7%) ultrapassaram ligeiramente os ciclomotores (29,4%, tendo os triciclos e quadriciclos (22,8%) mantido a terceira posição:

Em 2015, com a reintrodução dos incentivos a aquisição de um VE e da entrada em vigor da Fiscalidade Verde, com grandes incentivos para as empresas, deu-se a explosão nas vendas dos ligeiros de passageiros (41.5%), ultrapassando claramente os ciclomotores (22,3%) e os triciclos e quadriciclos (20,5%):

Em 2016 os ligeiros de passageiros (49%) são já quase metade de todos os VE, tendo os triciclos e quadriciclos (20,9%) ultrapassado pela primeira vez os ciclomotores (17,2%) por força do aumento da frota dos tuk-tuk em circulação:

Em 2017 assistimos a um cada vez maior distanciamento dos ligeiros de passageiros (58,8%), motivado pelo aumento da oferta das várias marcas e modelos e do aumento da autonomia disponível. Os triciclos e quadriciclos (16,8%) são a segunda tipologia, assistindo-se a uma cada vez menor quota dos ciclomotores (13,2%):

Em 2018 a quota dos ligeiros de passageiros (69,7%) aumenta substancialmente, tendo os ciclomotores (11%) ultrapassado os triciclos e quadriciclos (10,4%):

Em 2019 a quota dos ligeiros de passageiros continua a aumentar, cifrando-se em 78,3%, pela cada vez maior popularidade dos carros elétricos e de praticamente todas as principais marcas de referência a apresentarem modelos elétricos ou eletrificados:

Acentua-se a curva descendente e persistente quer dos motocicios, quer dos ciclomotores, como consequência da falta de interesse por parte dos principais fabricantes e das marcas mais conceituadas nas duas rodas, que ainda não disponibilizaram uma oferta elétrica de acordo com o seu prestígio e a sua posição no mercado das duas rodas:

Durante este próximo ano espera-se que os principais construtores de duas rodas, quer de motociclos, ciclomotores ou scooters, apresentem uma oferta elétrica a condizer com o seu historial, pois a eletrificação da mobilidade dos humanos veio para ficar, não é uma moda, como estes números bem o comprovam, e aquelas empresas que se atrasarem vão ter dificuldade em recuperar terreno.

O exemplo da China, onde hoje em dia nas principais cidades só é permitida a utilização de motorizadas elétricas, obviamente de fabrico chinês, indica-nos o que também irá acontecer nas nossas principais cidades e áreas metropolitanas.

Este último gráfico mostra-nos o crescimento exponencial dos automóveis ligeiros de passageiros, em relação a todas as outras tipologias, pois foram justamente alguns dos construtores tradicionais de automóveis, a Mitsubishi, a Nissan, a Renault, a BMW e um construtor novo, absolutamente disruptivo, que é a Tesla, que só fabrica carros 100% elétricos, que têm contribuído para o crescimento de um mercado novo, tecnologicamente evoluído, com veículos mais eficientes, mais económicos, com melhores prestações, muito menos poluentes, com zero emissões na sua utilização, com custos de utilização e de manutenção muito inferiores aos veículos com motores de combustão interna:

Estamos em 2020, o que irá mudar na sua vida?
Já experimentou um veículo elétrico?
Faça-o quanto antes e verá como tudo será diferente…

Saudações Elétricas, de preferência renovável.