Odisseia Elétrica: português viaja 13.000 km por 24 países, em 5 semanas, num carro elétrico

Henrique Jr. Sánchez, associado da UVE a residir na Suécia, realizou uma grande viagem pela Europa durante o verão de 2022 no seu carro elétrico e fez-nos chegar a sua experiência.

Se também tiver alguma grande viagem para divulgar, faça-nos chegar o seu relato para [email protected].


Novembro de 2022
Texto e fotos de Henrique Jr. Sánchez

A viagem tinha vários objetivos: desde visitar amigos e familiares pela Europa fora, conhecer novos países e cidades ainda não visitados, testar a rede de carregamento e o veículo elétrico, assim como desfrutar do verão e da oportunidade de “acampar” num carro em variadíssimos lugares. O veículo em questão utilizado foi um Tesla Model 3 LR de 2020, carinhosamente chamado Tachikoma. Para ajudar na viagem, o Tachi levava uma geladeira que se encontrava ligada à ficha de 12V do carro e permitia manter comidas e bebidas frescas suficientes para a viagem, uma cama desdobrável Dreamcase, uma tela de privacidade Tesmat, e 10 litros de água para hidratação.


26 de agosto – 1246 km – Suécia/Dinamarca/Alemanha/Polónia

A viagem começou em Lund, no Sul da Suécia, no dia 26 de agosto de 2022, com saída às 06h30 da manhã. Após atravessar a ponte Øresund, que liga a Dinamarca com a Suécia sobre e debaixo de água, a primeira paragem para carregamento ocorreu no SuperCarregador (SuC) de Nørre Alslev. Depois de uma paragem para carregamento breve de 13 minutos, o próximo objetivo foi o porto de Rødby que, depois de uma viagem de 40 minutos num ferryboat, me permitiu chegar à cidade alemã de Puttgarden. Até aqui a viagem era já conhecida, contudo agora começava a parte menos conhecida: em vez de ir para Oeste numa direção mais direta até Portugal, iria agora para Este, com o objetivo de chegar a Varsóvia ainda no mesmo dia por volta da hora do jantar.

Esquerda: Ponte Øresund;
Direita: À espera de entrar no ferry em Rødby.

A próxima paragem para carregamento foi então no SuC de Wismar, durante 35 minutos, seguido do SuC de Panketal durante 40 minutos, a norte de Berlim. Contudo, a quantidade de obras nas autoestradas alemãs causou um atraso considerável de quase 2 horas. Apesar disso, a viagem prosseguiu sem problemas, finalmente entrando na Polónia e carregando no SuC de Poznań durante 25 minutos. Nesse mesmo SuC pude ver o primeiro Tesla de matrícula ucraniana, e um motoqueiro com um capacete alemão da segunda guerra mundial. As autoestradas polacas, sem obras ao contrário das alemãs, permitiram que o resto da viagem continuasse sem mais nenhum atraso. A última paragem para carregamento antes de chegar ao destino foi no SuC de Lućmierz durante 10 minutos. Já de noite, o último troço da viagem ocorreu sem problemas, chegando ao norte de Varsóvia pelas 23h30, onde iria ficar duas noites na casa de um amigo de infância português.

Esquerda: Entrada na Polónia;
Direita: SuC de Poznań.


27 de agosto – 0 km – Polónia

O dia foi passado na companhia do amigo enquanto aproveitava para dar um descanso da condução do dia anterior, visitando a parte antiga da capital, e o caminho à beira do rio Vístula.

Esquerda: “Old Town” de Varsóvia;
Direita: Palácio da Cultura e da Ciência, em Varsóvia.


28 de agosto – 1133 km – Polónia/República Checa/Áustria/Eslováquia/Hungria

Este seria o dia com mais países visitados e fronteiras atravessadas de toda a viagem. A partida começou novamente às 06h00 da manhã. O primeiro carregamento teria de ser ainda num SuC em Varsóvia durante 20 minutos, dado o Tachi não ter sido carregado desde a partida de Lućmierz. O SuC tinha apenas dois postos e encontrava-se dentro da garagem subterrânea de um hotel, uma visão diferente dos SuC a que já me encontrava habituado. Antes de partir para o próximo SuC planeado em Katowice, o sistema do Tachi avisou que tal se encontrava fora de serviço, pelo que houve um desvio até ao SuC de Cracóvia onde foi carregado durante 20 minutos.

Esquerda: SuC de Varsóvia;
Direita: SuC de Cracóvia.

Atravessou-se então a fronteira com a República Checa, com o carregamento no SuC de Olomouc durante 10 minutos. O próximo carregamento já foi na Áustria, no SuC de Poysdorf, durante 10 minutos. Antes de entrar na Áustria tinha sido avisado que, à semelhança com a Suíça, utilizavam o sistema de vinhetas para a circulação na autoestrada. Contudo, falhei em dar-me conta que o sistema de vinhetas também funcionava na República Checa, Eslováquia e Hungria. Foi possível dar-me conta do erro antes de entrar na Hungria, comprando ainda a tempo a vinheta, contudo tal não foi o caso na República Checa e na Eslováquia, pelo que tinha uma bela multa à minha espera quando regressasse a casa.

Esquerda: Vinheta à entrada da Áustria;
Direita: passagem pelo castelo de Mikulov na República Checa.

Na Eslováquia, o carregamento foi no SuC de Bratislava durante 20 minutos, onde pude também visitar o parque Sad Janka Kráľa e o Rio Danúbio. Entrando finalmente na Hungria, onde os SuC da Tesla são gratuitos, o carregamento ocorreu no SuC de Szigetszentmiklós, a sul de Budapeste, durante 15 minutos. A paragem final foi às 20h00 na baixa de Szeged, no sul da Hungria, onde iria também ficar duas noites e visitar um amigo húngaro que morava também na Suécia e lá se encontrava de férias. Já com o meu amigo, foi possível pôr o Tachi a carregar lentamente numa tomada de 230V que ele disponibilizou numa segunda casa ainda em construção. Contudo, a carga foi abaixo durante a noite.

Esquerda: Rio Danúbio em Bratislava;
Direita: passagem pelo parque Sad Janka Kráľa.


29 de agosto – 0 km – Hungria

Mais uma vez, o dia foi usado para dar descanso da condução e visitar a pequena cidade universitária, caminhando pelo campus universitário e perto do Rio Tisza, e saindo para umas bebidas com os amigos do meu amigo. Aproveitei também para carregar o Tachi no SuC de Szeged em preparação para a viagem do dia seguinte.

Esquerda: Paragem em Szeged;
Direita: Baixa de Szeged.


30 de agosto – 1081 km – Hungria/Roménia/Bulgária

A partida começou às 07h00 da manhã e a viagem foi tranquila até à fronteira entre a Hungria e a Roménia. Apesar de a Roménia fazer parte da União Europeia, não faz parte do espaço Schengen, pelo que houve um controlo de fronteira incluindo a compra da vinheta. O primeiro carregamento do dia foi no SuC de Timișoara durante 25 minutos. Para minha surpresa, os carregamentos nos SuC da Tesla na Roménia eram todos gratuitos. O segundo carregamento foi no SuC de Sibiu durante 20 minutos. De seguida iria atravessar os Cárpatos até à capital Bucareste. Infelizmente, devido a um acidente mortal nas montanhas, houve um atraso considerável de 2 horas para as atravessar, com um progresso muito lento e com crianças a pedir esmolas nos vidros dos carros durante esse tráfego. Ao sair dos Cárpatos, o GPS do Tachi enviou-me por um caminho duvidoso dentro dos subúrbios romenos, com estradas e trânsito algo perigosas. Devido ao atraso, não foi possível descobrir e caminhar pela capital, sendo apenas possível carregar no SuC de Bucareste durante 40 minutos.

Esquerda: Cárpatos;
Direita: Congestionamento nas montanhas.

O seguinte troço iria ser, de longe, o mais complicado da viagem. Entre Bucareste e o destino final, Sófia, capital da Bulgária, não existia nenhum carregador Tesla, que tinha sido sempre a primeira opção durante a viagem. Em teoria, utilizando app como Plugsurfing, PlugShare, Electromaps, e Charge Assist (para apenas mencionar algumas), é possível descobrir alternativas de carregamento. Apesar de tudo, a rede pública disponível por toda a União Europeia encontra-se francamente desenvolvida e em expansão. Contudo, seria ainda assim um risco carregar num sistema desconhecido a meio da noite (a partida de Bucareste ocorreu já às 20h00), mas poderia servir em caso de emergência. A distância, em trajeto direto a percorrer, era de 406 km, e o Tachi tinha, em teoria, uma autonomia real de 470 km. A viagem seria quase de 6 horas (velocidade significativamente reduzida para não gastar tanto a bateria), com chegada prevista ao hotel em Sófia pelas 02h00. A temperatura ambiente estava nos 33 ºC, não sendo necessário utilizar o ar condicionado para poder poupar ainda mais a bateria. Iria ser certamente uma aventura.

Esquerda: Previsão da viagem a percorrer à saída de Bucareste;
Direita: Fronteira entre a Roménia e a Bulgária, perto de Giurgiu.

Após ter então adquirido de antemão a vinheta para Bulgária, deu-se início à viagem. À semelhança da Roménia, também a Bulgária pertence à União Europeia, mas não ao espaço Schengen, havendo um controlo de fronteiras depois de atravessar a ponte em Giurgiu. De mencionar as filas de quilómetros de camiões parados, com matrículas romenas, búlgaras, turcas, e ucranianas, à espera de poder atravessar a fronteira.

Esta fase da viagem foi a mais perigosa, devido ao cansaço individual já sentido, depois de um dia inteiro no Tachi devido ao atraso nos Cárpatos, o facto de ser noite e a visibilidade ser mais reduzida, e de ter de conduzir muito mais lentamente para conseguir poupar bateria, além do sistema de auto-piloto não ser possível na estrada nacional esburacada que ligava as duas capitais. Foi necessário realizar duas paragens de emergência: uma para esticar as pernas, acordar, e jantar, e outra para fazer uma sesta de 15 minutos. Contudo, tirando um ou dois sustos, a viagem decorreu sem problemas e cheguei ao Grand Hotel Sofia às 02h00 como previsto.


31 de agosto – 781 km – Bulgária/Sérvia/Croácia

Depois de um descanso bem merecido, ainda tive umas horas para explorar a capital Sófia antes de prosseguir viagem, com uma paragem imperdível na Catedral de Alexandre Nevsky. A partida começou às 12h00, com um carregamento de 20 minutos no SuC de Sófia, em direção à fronteira com a Sérvia. Também na Bulgária o carregamento no SuC da Tesla foi gratuito. O GPS do Tachi mais uma vez identificou erradamente um caminho que tinha estado em obras como ainda estando fora de acesso, pelo que o atalho recomendado incluiu uma antiga estrada romana com buracos enormes e perigosos.

Esquerda: Catedral de Alexandre Nevsky em Sófia;
Direita: Estrada romana perto da fronteira entre a Bulgária e a Sérvia.

Contudo, nada me iria preparar para o próximo contratempo. A Sérvia, ao contrário da Roménia e da Bulgária, nem faz parte do espaço Schengen, nem da União Europeia. Como tal, a fila da fronteira encontrava-se particularmente grande, especialmente nesta altura do ano, com muitos emigrantes a regressar aos seus países de residência. Num total, estive parado 4 horas para atravessar a fronteira. Tal atraso impediu-me de poder realizar uma paragem curta de lazer, prevista em Belgrado. Em vez disso, houve apenas a paragem de carregamento no SuC de Aleksinac durante 10 minutos, e no SuC de Belgrado durante 20 minutos, na Sérvia os SuC também são gratuitos. Durante toda a travessia da Sérvia o Tachi não teve acesso a dados móveis para navegação ou streaming de música. Apesar de haver também uma fila grande na fronteira com a Croácia, “apenas” fiquei retido duas horas; uma melhoria em relação à fronteira anterior.

Esquerda: Fronteira entre a Bulgária e a Sérvia;
Direita: Fronteira entre a Sérvia e a Croácia.

Já de volta à União Europeia, houve mais uma paragem de carregamento no SuC de Slavonski Brod durante 20 minutos, antes de chegar ao destino final: a casa de uns amigos na cidade de Velika Gorica, nos subúrbios de Zagrebe, pelas 02h00.


1 e 2 de setembro – 200 km – Croácia

Durante os próximos 2 dias, visitei Zagrebe onde tinha estado há 2 anos e realizei uma pequena viagem até ao castelo de Trakošćan, a uns 90 quilómetros de Velika Gorica. Durante a estadia pude carregar o Tachi gratuitamente numa estação pública croata de carregamento durante as noites. Infelizmente, a partir de Zagrebe a geladeira que tinha no Tachi deixou de funcionar, pelo que não foi possível refrigerar comida pelo caminho.

Esquerda: “Old Town” de Zagrebe;
Direita: Palácio de Trakošćan.


3 de setembro – 692 km – Croácia/Eslovénia/Itália/São Marino

A partida de Velika Gorica ocorreu às 08h00, com a reentrada no espaço Schengen sem problemas, e com a primeira paragem em Ljubljana, a capital da Eslovénia, com a exploração da capital durante um par de horas e provando uns apetitosos Struklji, antes de seguir viagem até ao SuC de Mogliano Veneto, já na Itália, com um carregamento previsto de 26 minutos. Não tinha previsto realizar o trajeto Zagrebe-Veneza num só carregamento, mas foi possível chegar com 18 km de autonomia.

Esquerda: Vista do Rio Ljubljanica em Ljubljana;
Direita: Ponte do Dragão.

Depois do carregamento, fui até a Viale Stazione onde o Tachi foi estacionado, de modo a apanhar o comboio até à cidade de Veneza, onde me encontraria com um ex-colega da minha empresa. Depois de 4 horas a visitar Veneza, por acaso, num dos dias em que decorria o festival de cinema de Veneza, com muitos mais turistas, era altura de apanhar o comboio de regresso e voltar a conduzir.

Esquerda: Um dos canais de Veneza;
Direita: Praça de São Marcos

A próxima paragem de carregamento era no SuC de Forli, durante 15 minutos. Depois disso, a última paragem seria já no enclave da Sereníssima República de São Marino, já pelas 21h00. Ao chegar, fui acolhido com os seus habitantes nas ruas em festa e fogo de artifício e música. Era o aniversário desta república, a mais antiga do mundo, celebrando 1721 anos de existência nesse mesmo dia.

Esquerda: Entrada em São Marino;
Direita: Vista do topo de São Marino à noite

A partir desta noite, a dinâmica da viagem iria mudar substancialmente. Agora, iria passar a dormir no Tachi quase todas as noites, o que implicava carregar o Tachi com eletricidade extra para poder ter o ar condicionado a funcionar durante a noite, ter uma experiência confortável e procurar por sítios adequados onde dormir. Para tal efeito, iria utilizar app como Camperstop, park4night e iOverlander (para apenas mencionar algumas), que permitiam identificar onde era permitido dormir durante a noite, a qualidade da experiência de quem lá dormiu, e o tipo de serviços disponíveis (casas de banho, chuveiros, restaurantes por perto, preços, etc.). Depois de encontrar o primeiro local, colocar a tela de privacidade, baixar os assentos traseiros e fazer a cama, preparei-me para a primeira noite a dormir no Tachi nesta viagem.


4 de setembro – 614 km – São Marino/Itália/França/Mónaco

Depois de uma noite bem passada, foi feita a exploração de São Marino durante o dia, com a partida às 11h00 em direção ao SuC de Bologna Casalecchio di Reno onde o Tachi foi carregado durante 25 minutos. Depois, o próximo destino foi o SuC de Génova Norte, com um carregamento de 15 minutos, mas passando antes pelas estradas apertadas dos Apeninos. Já em Génova, aproveitou-se para dar um mergulho na praia de Boccadasse.

Esquerda: Vista desde a Terza Torre Montale em São Marino;
Direita: Vista desde a praia de Boccadasse em Génova.

Depois da praia, atravessei a fronteira com a França e cheguei ao destino final do dia: o Principado do Mónaco, pelas 20h00.

Esquerda: Vista do Port Hercule;
Direita: Casino de Monte Carlo.

Sendo o Principado do Mónaco bastante pequeno em termos de território, não foi tão fácil encontrar um lugar para dormir no Tachi. Ainda assim, tal foi possível mais perto da fronteira com França.


5 de setembro – 454 km – Mónaco/França

A partida começou pelas 08h30 em direção ao SuC de Nice com um carregamento de 15 minutos. Depois de comprar o almoço, houve uma paragem para um mergulho na praia de Midi em Cannes. A seguir, fui até Saint-Tropez para dar outro mergulho na praia de Graniers.

Esquerda: Praia de Midi em Cannes;
Direita: Saint-Tropez.

A próxima paragem foi para carregar no SuC de Aix-En-Provence durante 20 minutos, antes de explorar a cidade e provar a famosa Tarte Tropézienne.

Aix-En-Provence

O último carregamento do dia foi no SuC de Narbona durante 25 minutos, aproveitando depois para jantar na mesma cidade e procurar um novo sítio para dormir perto da praia de Grazel pelas 22h30.

Esquerda: Catedral Saint-Just et Saint-Pasteur em Narbona;
Direita: Praia de Grazel em Gruissan.


6 de setembro – 577 km – França/Espanha

A partida decorreu logo às 07h00, com a primeira paragem de carregamento no SuC de Saint-Gaudens durante 20 minutos, após um carregamento no SuC de Baiona durante 10 minutos, seguiu-se um mergulho nas praias de Biarritz.

Biarritz

Depois de atravessar a fronteira com Espanha, a última paragem de carregamento do dia foi no SuC de Pamplona durante uns 40 minutos, com a chegada à cidade de Pamplona pelas 18h00. Durante a exploração da cidade, conheci um casal de portugueses também num Tesla Model 3 que tinham trazido a filha para começar o seu semestre Erasmus em Pamplona. Depois do jantar, foi altura de encontrar outro local para dormir no Tachi e passar a noite.

Pamplona


7 de setembro – 713 km – Espanha

A partida começou às 09h00, com a primeira paragem em Guernica y Luno onde foi possível carregar o Tachi, gratuitamente, num carregador de um supermercado, apesar do carregamento parar sem explicação, passado uma hora. Depois da visita ao Museu da Paz, foi altura de continuar viagem.

Esquerda: Carregador num supermercado em Guernica y Luno;
Direita: Museu da Paz em Guernica y Luno.

A segunda paragem foi na praia La Maruca em Santander, onde se aproveitou para dar um mergulho. Depois, uma paragem para almoçar em Santillana Del Mar.

Esquerda: Vista desde a praia La Maruca em Santander;
Direita: Santillana Del Mar.

De seguida, uma paragem no SuC de Reocín de 30 minutos, antes de prosseguir até El Capricho de Gaudí, em Comillas. A próxima paragem já só seria na Galiza.

Esquerda: El Capricho de Gaudí em Comillas;
Direita: Vista desde La Rabia a caminho da Galiza.

O último carregamento do dia foi no SuC de Lugo, onde também se aproveitou para jantar. Finalmente, a chegada em A Coruña pelas 00h00, já com o local onde se iria dormir encontrado.


8 de setembro – 282 km – Espanha/Portugal

O dia começou às 08h30, com a visita ao farol mais antigo do mundo: A Torre de Hércules. Depois de passear no litoral d’A Coruña, foi altura de seguir até ao SuC de Santiago de Compostela, onde depois se aproveitou também para visitar a famosa cidade.

Esquerda: Torre de Hércules em A Coruña;
Direita: Catedral de Santiago de Compostela.

Infelizmente, os parques de estacionamento em Santiago de Compostela eram bastante estreitos e cheios de carros, pelo que o Tachi sofreu com um para-choques arranhado ao tentar circular pelos pilares do estacionamento e os outros automóveis. A seguinte visita ocorreu na cidade de Vigo, com uma paragem de lazer e para almoçar antes de atravessar a fronteira com Portugal.

Esquerda: Vista desde a Punta do Areiño em Vigo;
Direita: Vista desde o Castelo do Castro.

A entrada em Portugal ocorreu pelas 17h00, onde me iria encontrar com familiares durante os próximos 3 dias no Parque Cerdeira. Nesse mesmo parque, existia um Destination Charger da Tesla, de uso gratuito durante as duas primeiras horas (3.ª hora e seguintes são 2€ cada). Durante esses dias o Tachi iria ficar de repouso enquanto me iria deslocar no carro dos familiares, também um Tesla Model 3.

Esquerda: Entrada em Portugal pelo Parque Nacional Peneda-Gerês;
Direita: Tesla Destination Charger no Parque Cerdeira.


9, 10, e 11 de setembro – 0 km – Portugal/Espanha

Exploração do Parque Nacional Peneda-Gerês, com trilhos até à Cascata de São Miguel, Portela do Homem, Miradouro da Pedra Bela, Antiga Aldeia de Vilarinho das Furnas, Caldaria de Lobios, a Antiga Aldeia de Aceredo, e o Santuário de São Bento da Porta Aberta.

Esquerda: Cascata de São Miguel, Portela do Homem; Direita: Miradouro da Pedra Bela.

Esquerda: Antiga Aldeia de Vilarinho das Furnas; Direita: Antiga Aldeia de Aceredo.


12 de setembro – 406 km – Portugal

A viagem até Lisboa começou pelas 10h00, com uma paragem para almoçar no SuC da Mealhada e outra paragem para um refresco no SuC de Fátima.

Três Tesla Model 3 com a mesma cor depois de carregar no SuC da Mealhada.


12-18 de setembro – 50 km – Portugal

A seguinte semana foi passada em Lisboa e arredores em casa dos pais para marcar um ponto mais ou menos médio na viagem, com visitas a familiares e amigos de longa data, descansar da condução e preparação para a próxima metade desta grande viagem.


19 de setembro – 828 km – Portugal/Espanha/Gibraltar

A partida de Lisboa começou pelas 06h15, com um primeiro carregamento no SuC de Loulé durante 20 minutos e uma pequena paragem para visitar familiares em Quarteira. Depois, uma paragem no SuC de Sevilha durante 20 minutos e uma visita à mesma cidade para almoço e exploração.

Esquerda: Torre de Sevilha, onde se encontra o SuC;
Direita: Plaza de España, também em Sevilha.

Depois, um carregamento de 10 minutos no SuC de Algeciras, antes de ir explorar o território ultramarino britânico de Gibraltar, aproveitando também para jantar. Existia um pequeno controlo de fronteiras à entrada, dado o Reino Unido ter abandonado a União Europeia.

Esquerda: Pôr-do-sol desde o farol Europa Point na ponta de Gibraltar;
Direita: Mesquita Ibrahim-al-Ibrahim também em Gibraltar.

Surpreendentemente, o sistema de navegação da Tesla continuou a funcionar, contudo a minha rede de telefone pensou encontrar-se em Marrocos, mudando a tarifa de dados móveis para um preçário bem mais caro, quase esgotando os mesmos dados móveis que ainda seriam necessários para o resto da viagem. Depois de regressar à União Europeia, a última paragem para carregamento foi no SuC de Fuengirolas durante 40 minutos, com a paragem para dormir no Tachi já nas praias de Málaga, pelas 23h00.


20 de setembro – 1000 km – Espanha

A partida deu-se às 07h30, com o primeiro carregamento do dia no SuC de El Ejido durante 20 minutos. Um segundo carregamento foi no SuC de Murcia, também durante 20 minutos. Já pela tarde, o terceiro carregamento foi no SuC de Sagunto, perto de Valencia, com um mergulho na Praia de Casablanca. Finalmente, um último carregamento no SuC de L’Aldea, antes de me encontrar com uma amiga em Barcelona para um jantar de tapas espanholas.

Esquerda: Praia de Casablanca nos arredores de Valencia;
Direita: Templo Expiatório da Sagrada Família em Barcelona.

De notar que a entrada na cidade de Barcelona exige uma portagem, com um desconto para veículos elétricos. Depois do jantar e após carregar no SuC Barcelona L’illa Diagonal, foi a altura de encontrar um lugar onde dormir no Tachi, nos arredores, a norte de Barcelona.


21 de setembro – 629 km – Espanha/Andorra/França

A partida começou pelas 09h30, com o primeiro carregamento no SuC de La Seu D’Urgell já nos Pirenéus, durante 10 minutos. Nesse SuC, um outro condutor de Tesla Model 3 veio apresentar-se e pedir conselhos dado que tinha acabado de comprar o carro e notado a minha matrícula estrangeira. Depois de conversar e de um pequeno passeio pela vila, foi altura de entrar em Andorra, com paragem para almoçar e passear em Andorra-a-Velha.

Esquerda: Catedral de Nossa Senhora de Urgel em La Seu D’Urgell;
Direita: Noblesa del temps – de Salvador Dalí, em Andorra-a-Velha.

Entrei novamente em França e carreguei no SuC de Toulouse durante 25 minutos, antes de chegar ao destino final do dia de Bordeús, pelas 19h30, com tempo suficiente para explorar a cidade e jantar. Mais uma vez, não foi difícil encontrar um local adequado no Tachi para poder passar a noite em descanso e segurança.

Esquerda: Pôr-do-sol no Rio Garona em Bordéus;
Direita: Fontaine des Trois Grâces, em Bordéus.


22 de setembro – 544 km – França

A partida deu-se pelas 07h30 da manhã, com o primeiro carregamento no SuC de Aire de la Vendée durante 25 minutos, seguido de outro carregamento no SuC de Mont-Saint-Michel de 40 minutos. Depois de colocar o Tachi no estacionamento apropriado, foi altura de caminhar até o famoso Monte Saint-Michel e passar lá o dia.

Mont Saint-Michel.

O jantar e a dormida foram nas praias de Obrey, com o Monte Saint-Michel ainda visível ao pôr-do-sol.

Praia de Pignochet, em Obrey.


23 e 24 de setembro – 306 km – França

O dia começou às 09h30, com a ida ao Museu de Quinéville da Segunda Guerra Mundial, seguido da visita à vila de Sainte-Mère-Eglise e ao Museu da Aerotransportada. Nesta vila foi possível carregar o Tachi num posto de carregamento da Sdem50.

Esquerda: Carregamento no posto da Sdem50 em Sainte-Mère-Eglise;
Direita: Igreja de Sainte-Mère-Eglise.

Depois, a visita à Praia de Utah com uma paragem pelo Memorial da Easy Company em Sainte-Marie-Du-Mont.

Esquerda: Memorial da Easy Companyem Sainte-Marie-Du-Mont;
Direita: Entrada da Praia de Utah.

Houve ainda uma paragem na vila de Sainte-Marie-Du-Mont, no Museu da Experiência Dia-D, na cidade de Carentan Les Marais, antes da visita à Praia de Omaha.

Esquerda: Sainte-Marie-Du-Mont;
Direita: Simulação do desembarque das tropas aerotransportadas no Museu da Experiência Dia-D.

Esquerda: Carentan Les Marais;
Direita: Praia de Omaha.

Foi possível carregar o Tachi gratuitamente num Tesla Destination Charger no Hotel Domaine de l’Hostréière. Tanto o jantar como a dormida foram nas proximidades das praias de Omaha.

Carregamento num Tesla Destination Charger no Hotel Domaine de l’Hostréière.

No dia seguinte, a primeira visita foi ao Cemitério Americano da Normandia, seguido pela visita ao Museu da Batalha de Normandia em Bayeux.

Esquerda: Cemitério Americano da Normandia, perto da praia de Omaha;
Direita: Museu da Batalha de Normandia em Bayeux.

Seguidamente, uma visita às baterias de Longes-Sur-Mer que incluíam 5 bunkers e uma visita a Arromanches-les-Bains, com as estruturas temporárias do desembarque aliado ainda visíveis no mar.

Esquerda: Baterias de Longes-Sur-Mer;
Direita: Jardim Dia-D 75, perto de Arromanches-les-Bains.

Por último, a visita à Normandia terminou com uma ida ao Memorial de Caen, ao Grande Bunker – Museu da Muralha Atlântica e ao Memorial Pegasus.

Esquerda: Barco usado no filme O Resgate Do Soldado Ryan (1998) no Grande Bunker – Museu da Muralha Atlântica;
Direita: Ponte de Pegasus no Memorial de Pegasus.

Finalmente, foi possível carregar o Tachi gratuitamente num carregamento de 230V, no parking do Thalassotherapy Thalazur À Cabourg, enquanto se jantou no restaurante Les Biquets. Depois, foi possível encontrar um sítio para dormir perto das praias de Cabourg.


25 de setembro – 647 km – França/Luxemburgo

A viagem começou pelas 09h00, com o primeiro carregamento no SuC de Amiens durante 15 minutos, seguido do segundo carregamento no SuC de Reims-Tinqueux, antes de chegar ao Luxemburgo pelas 17h00, onde se explorou a cidade e se jantou. Antes de encontrar um novo lugar onde dormir no Tachi, o mesmo foi carregado durante 30 minutos no SuC de Mënsbech.

Luxemburgo


26 de setembro – 188 km – Luxemburgo/Alemanha

A partida deu-se às 09h30. Antes de começar, arrumei definitivamente a cama e a tela de privacidade, dado que a partir de agora iria sempre ficar a dormir em casa de amigos.

O único carregamento foi no SuC de Nürburgring, antes de visitar a cidade de Remagen, local de uma antiga famosa ponte da Segunda Guerra Mundial.

Esquerda: Famoso circuito de Nürburgring;
Direita: Museu da Paz em Remagen.

Finalmente, cheguei à cidade de Bonn onde me encontrei com uma amiga e passei a noite.


27 de setembro – 217 km – Alemanha/Bélgica

Depois de uma pequena visita pela manhã à cidade de Bonn, a partida deu-se pelas 09h30, com uma única paragem de carregamento no SuC de Verviers, na Bélgica.

Esquerda: Estátua de August Macke em Bonn;
Direita: Casa de Beethoven em Bonn.

Depois de carregar, houve uma paragem em Liège para almoçar e explorar, incluindo subir a famosa Montagne de Bueren.

Montagne de Bueren em Liège.

Por fim, cheguei ao destino final do dia em Lovaina, onde também me encontrei com uma amiga de Erasmus e passei a noite.

Lovaina.


28 e 29 de setembro – 233 km – Bélgica/Países Baixos

A partida começou pelas 08h00, com um pequeno carregamento no SuC de Oosterhout, antes de seguir em direção a Amesterdão, onde iria ficar em casa de uma amiga durante as próximas duas noites. Perto dessa casa, pude carregar o carro num posto de carregamento público.

Amesterdão.


30 de setembro – 852 km – Holanda/Alemanha/Dinamarca/Suécia

Finalmente, após 5 semanas seguidas de viagem, iria começar o último trecho até chegar a casa, no sul da Suécia. A partida começou às 12h00, com o primeiro carregamento no SuC de Lohne durante 35 minutos e mais tarde no SuC de Reinfeld durante 40 minutos, antes de entrar no ferryboat em Puttgarden e partir de Rødby em direção à minha casa em Lund pelas 23h30.

Esquerda:Tráfego nas autoestradas alemãs;
Direita: Ferryboat entre PuttgardenRødby.



Alemanha

Andorra

Áustria

Bélgica

Bulgária

Croácia

Dinamarca

Eslováquia

Eslovénia

Espanha

França

Gibaltar

Hungria

Itália

Luxemburgo

Mónaco

Países Baixos

Polónia

Portugal

República Checa

Roménia

San Marino

Sérvia

Suécia

No final das contas, a viagem demorou 5 semanas, atravessando 24 países, percorrendo mais de 13 000 quilómetros, circulando com sinaléticas de trânsito muito diferentes e consumindo um pouco mais de 2 MWh de eletricidade (2200 kWh), neste valor estão incluídos os kWh consumidos para manter o ar condicionado em funcionamento durante as 12 noites que pernoitei no Tachi.

O acordar no Mónaco

O custo total de eletricidade foi de 1230 €, para a tração do carro elétrico e para manter o ar condicionado durante as 12 noites que “acampei” no próprio carro, sem incluir as portagens, ferryboats, pontes, refeições, um hotel e vinhetas de trânsito.


A celebração ao chegar a casa na Suécia.

Um enorme obrigado a todos os familiares e amigos que visitei e me acolheram durante esta viagem!