ZER ou não ZER, eis a questão!

Um pouco por toda a Europa as cidades estão a implantar zonas de acesso restrito a automóveis e outros veículos poluentes, e zonas de exclusão a todo o tipo de veículos com exceção de veículos elétricos.


Henrique Sánchez
Presidente Honorário da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos
Artigo Mensal de Opinião na Revista Blueauto


Consulte todos os documentos relativos à ZER – Avenida-Baixa-Chiado, no portal dedicado a esta medida, da Câmara Municipal de Lisboa.


A poluição nas grandes cidades, quer atmosférica, quer sonora, é a causa de várias doenças do foro respiratório e do foro auditivo, sendo a causa da morte prematura de milhares dos seus habitantes, retirando qualidade de vida a moradores, trabalhadores e visitantes.

Lisboa tem vindo gradualmente a eliminar situações absurdas como a utilização do Terreiro do Paço ou do Campo das Cebolas como parques de estacionamento de superfície:

Estes avanços têm que ser acompanhados por transportes públicos eficientes e tanto quanto for possível, eletrificados (Metropolitano, elétricos de superfície, autocarros elétricos, táxis elétricos, TVDE elétricos e até os famosos tuk-tuk elétricos), como a disponibilidade de parques de estacionamento subterrâneos dissuasores na periferia das zonas de exclusão, e que possuam carregadores para veículos elétricos.

No caso da agora anunciada ZER – Zona de Emissões Reduzidas Avenida Baixa-Chiado, pela Câmara Municipal de Lisboa, no ano em que foi galardoada como Capital Verde Europeia, estes requisitos são uma realidade, embora na Carris, nos táxis ou nos barcos ainda não exista a sua completa eletrificação, mas é um passo na direção correta:

Fonte: Documento de Apresentação ZER Avenida Baixa Chiado


De referir um exemplo da cidade de Lisboa que está a ser um sucesso, apesar das queixas iniciais durante as obras de requalificação do espaço público e da devolução do mesmo aos habitantes, que é a Avenida Duque de Ávila, agora uma artéria menos perigosa, menos poluída, menos ruidosa, com muito menos trânsito e muito mais agradável para desfrutar.

Veja-se o comparativo antes (2009) e depois (2014):

Estas medidas que Lisboa está a implementar já são uma realidade um pouco por toda a Europa, visando em primeiro lugar a saúde pública das populações, mas também uma melhor mobilidade das pessoas, permitindo a utilização de meios suaves como são as bicicletas e as trotinetas elétricas, a utilização dos transportes públicos de preferência eletrificados ou simplesmente andar a pé. Assim como o aparecimento de zonas verdes e plantação de mais árvores que vão não só criar zonas de sombra, importante para a redução da temperatura ambiente no verão, como também são elementos da captação de CO2.

Um dos muitos exemplos é o caso de Dublin na Irlanda, a rua Suffolk antes da intervenção:

Fonte: Fennell Photography 2014 National Transport Authority , SUFFOLK STREET


E a mesma rua Suffolk após a intervenção:

Fonte: Fennell Photography 2014 National Transport Authority , SUFFOLK STREET


Mais espaço para os transeuntes, menos poluição ambiental, menos poluição sonora, mais qualidade de vida, cidades mais amigas das pessoas e do ambiente.

No âmbito desta grande intervenção iremos ver grandes mudanças no sentido do que já acontece nas grandes cidades europeias como Madrid, Paris, Londres, Estocolmo, Barcelona, Estugarda, ou até nas mais pequenas como Pontevedra em Espanha:

Em Lisboa, as maiores intervenções serão na parte final da Avenida da Liberdade, entre a Rua das Pretas e a Praça dos Restauradores, com a interdição ao trânsito automóvel na faixa central da mesma:

Realizando-se o trânsito automóvel pelas laterais da Avenida da Liberdade, sendo que só os veículos elétricos terão acesso à Zona de Emissões Reduzidas da Baixa-Chiado sem restrições. As exceções serão os moradores, viaturas de emergência, cargas e descargas restringidas a horários específicos, etc.

Duas imagens de como ficará a Praça dos Restauradores:

Ou a Rua do Ouro:

Ou a Rua da Prata:

Ou o Largo do Chiado:

Ou a Avenida Almirante Reis, só para dar alguns dos exemplos:

É urgente a eletrificação dos táxis de Lisboa. A esmagadora maioria ainda são viaturas que utilizam combustíveis fósseis. Relativamente aos TVDE já existe uma percentagem considerável de veículos elétricos em funcionamento.

De registar a entrada em funcionamento durante o ano de 2020 de mais 15 autocarros elétricos para o serviço da Carris e da abertura de um concurso para a aquisição de mais 30 autocarros elétricos. A Carris não fará mais nenhum concurso para a aquisição de autocarros a gasóleo, comprometendo-se a ter uma frota 100% elétrica até 2040.

Por seu turno a Transtejo anunciou a abertura de um concurso para a aquisição de barcos 100% elétricos para as travessias do rio Tejo entre Lisboa e Cacilhas, o Seixal e o Montijo.

A UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, congratula-se com estas medidas que visam a melhoria da qualidade do ar da cidade de Lisboa, mas também da redução dos índices de ruído e da melhoria da fluidez do trânsito automóvel, desde que seja elétrico, reduzindo o estacionamento de superfície e oferecendo estacionamento subterrâneo com carregadores para os veículos elétricos, nas vias de acesso à ZER – Zona de Emissões Reduzidas Avenida Baixa-Chiado.



Consulte este artigo, publicado na Blueauto nº 29 – março de 2020, aqui.
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