Mobilidade Elétrica, muito mais que uma moda

Artigo de opinião, do Presidente da UVE, Henrique Sánchez, publicado na Green Future – Auto Magazine, a 4 de agosto de 2020.


Henrique Sánchez

Henrique Sánchez é um dos Associados Fundadores e um dos dirigentes da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.


Em nome da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos e em meu próprio nome votos do maior sucesso ao Green Future AutoMagazine, publicação online que assim vem juntar a sua voz na divulgação, não só da Mobilidade Elétrica, mas também da mobilidade sustentável, das tecnologias e da inovação dedicadas às cidades e aos transportes, às cidades inteligentes, à defesa do meio ambiente e à atual revolução a que assistimos na área da energia, com a eletrificação dos transportes e a descarbonização da economia.

Todos somos necessários na enorme tarefa que se nos depara de transformar a Mobilidade Elétrica, de um nicho de mercado de um conjunto de early adopters, ou pioneiros como gostamos de lhes chamar, para a sua adoção generalizada e massificada pelas empresas, pelas instituições governamentais, e pelos cidadãos.

Este ano de 2020, ficará, sem dúvida, marcado pelo surgimento do coronavírus SarsCov2, que provocou uma pandemia generalizada em todo o Mundo pela doença COVID-19. 

No entanto, e conforme temos vindo a assinalar será também o ano do “não retorno”, o ano da afirmação dos Veículos Elétricos como uma real alternativa de substituição para os transportes de pessoas e bens. A Mobilidade Elétrica mostrou uma enorme resiliência em relação à brutal queda nas vendas da indústria automóvel tradicional, quero dizer altamente poluente que produz viaturas movidas a combustíveis fósseis. 

Temos mais modelos, muitos mais, abrangendo desde o pequeno utilitário citadino até às grandes berlinas familiares, modelos para todos os gostos e para quase todas as bolsas, pois o seu preço, embora encurtando o diferencial de preço dos VE (Veículo Elétrico) em relação aos VCI (Veículo com motor de Combustão Interna), ainda é mais elevado.
De referir que se as contas forem feitas incluindo o CTO (Custo Total de Operação), isto é, a manutenção, as peças, o custo da energia, os impostos e os benefícios fiscais e outros, atribuídos pelo Estado ou pela Administração Local, como o Incentivo à Aquisição de Veículos Elétricos, falamos de automóveis ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros, mas também de ciclomotores, motociclos, bicicletas e cargobikes elétricas, isenção do IUC (Imposto Único de Circulação), recuperação do IVA (Imposto de Valor Acrescentado) pelas empresas, estacionamento gratuito ou através de um pagamento simbólico em várias cidades, descontos em ferryboats (Portimão–Funchal), em portagens (Pontes Vasco da Gama e 25 de abril em Lisboa através do cartão da ViaCard), carregamentos gratuitos em alguns espaços comerciais, hotéis e restaurantes para os seus clientes.
Portanto, contas feitas, em muito pouco tempo a utilização do Veículo Elétrico é mais económica do que a do respetivo veículo com motores térmicos.

Temos depois o impacto muito positivo no ambiente e a não emissão de gases poluentes durante a sua utilização, acrescida do facto de mais de 50% da eletricidade produzida em Portugal já ser de origem de fontes renováveis, não poluentes.

Portugal ocupa hoje o quarto lugar nas vendas de Veículos Elétricos na União Europeia, contabilizando os veículos 100% elétricos (BEV – Battery Electric Vehicle) e os híbridos plug-in (PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle), conforme registo da EAFO – European Alternative Fuel Observatory:

Desde que começaram a ser aplicados os diversos estados de exceção, motivados pela pandemia da COVID-19, com brutal redução da atividade económica, nalguns setores mesmo com a paragem total, aviação comercial, cruzeiros, turismo, hotelaria, restauração, etc., ficou muito visível e confirmado por várias medições realizadas por agências credenciadas, uma enorme redução dos níveis de poluição nas grandes áreas metropolitanas, especialmente nas grandes cidades. Ficou mais visível para o comum dos cidadãos, aquilo que muitos de nós e muitas outras organizações alertavam, a principal causa de poluição ambiental mas também sonora são os transportes rodoviários com motores poluentes. Todos pudemos confirmar uma maior claridade nas cores, o céu mais límpido, o chilrear dos pássaros, as incursões em meios urbanos de diferentes espécies animais um pouco por todo o mundo, ursos, veados, pumas, javalis, etc., e no nosso rio Tejo o aparecimento de dezenas de golfinhos que persistem em se fazer ver.

Todas estas manifestações estão a acelerar o interesse de cada vez mais cidadãos na Mobilidade Elétrica, o que tem mostrado um aumento significativo nas vendas de Veículos Elétricos, (automóveis ligeiros de passageiros), tendo já atingido uma quota de dois dígitos:

Se compararmos com o registo das vendas dos veículos, na mesma categoria, com motores de combustão interna, é possível constatarmos a resiliência com que os VE resistiram à atual crise que assola a indústria automóvel tradicional:

É assim urgente e necessária mais informação, esclarecer mitos que persistem, chegar a cada vez um maior número de pessoas que querem adotar veículos menos poluidores, mais eficientes, tecnologicamente mais avançados, iremos assim conseguir uma maior divulgação da Mobilidade Elétrica, seja na maior oferta de novos modelos, com mais autonomia, seja na divulgação dos vários tipos de carregamento, na sua eficiência, seja na divulgação da Rede Pública, bem como nas diversas Redes Privadas para marcas específicas ou frotas de empresas.

A Rede Pública de Carregamento é atualmente a prioridade absoluta para o desenvolvimento da Mobilidade Elétrica! Não é possível aceitar mais “adiamentos” na implementação das funcionalidades há muito prometidas e que tardam em ver a luz do dia. Os Utilizadores de Veículos Elétricos exigem uma Rede Pública de Carregamento, operacional, eficiente, que não veja a sua função interrompida por qualquer intervenção, ou simplesmente porque ‘caiu’, não é aceitável, o que, de novo, aconteceu no passado sábado, dia 1 de agosto: a Rede ficou sem informação o que impediu muitos Utilizadores de Veículos Elétricos realizarem as suas viagens ou aqueles que simplesmente necessitam da Rede Pública para realizarem os seus carregamentos.

Este ano de 2020, que ficará marcado pela atual pandemia que assola todo o mundo, ficará muito provavelmente assinalado pelo grande avanço da Mobilidade Elétrica em todo o mundo, mas também em Portugal.

Saudações Elétricas.


Artigo publicado a 4 de agosto de 2020
Green Future – Auto Magazine


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