Como temos vindo a referir nos últimos meses, o aumento do prazo de entrega de veículos elétricos em Portugal, tem provocado um ligeiro abrandamento no número de veículos elétricos novos vendidos em Portugal pelos ROM – Representantes Oficiais das Marcas Automóveis (segundo fonte da ACAP). Face a esta falta de veículos elétricos novos, o mercado dos veículos elétricos importados usados encontra-se em franco crescimento, representando já 20% de todos os veículos elétricos (100% elétricos e híbridos plug-in) vendidos em Portugal, considerando todas as categorias de veículos.
Na totalidade dos Veículos 100% Elétricos (BEV – Battery Electric Vehicles) e híbridos plug-in (PHEV – Plug-In Hybrid Electric Vehicles), a categoria de ligeiros de passageiros representa a maioria da percentagem de importados usados com 21%, seguido da categoria de ligeiros de mercadorias, com 17%.
Quando isolamos os números dos Veículos 100% Elétricos (BEV – Battery Electric Vehicles), a percentagem de veículos 100% elétricos importados usados é de 27% da totalidade de veículos 100% elétricos vendidos. Na categoria de ligeiros de passageiros – que representam a maioria de veículos 100% elétricos vendidos em Portugal – a percentagem deste tipo de veículos importados usados alcança os 30%.
A expressão do número de importados usados no caso dos veículos híbridos plug-in (PHEV – Plug-In Hybrid Electric Vehicles) é consideravelmente menor que nos veículos 100% elétricos, representando 10% da totalidade dos veículos híbridos plug-in vendidos em Portugal – na sua quase totalidade, ligeiros de passageiros.
A falta de oferta generalizada na indústria automóvel – que se iniciou com os impactos negativos da pandemia da Covid-19 – viu-se agravada desde março de 2022, com o desenrolar da guerra na Ucrânia. No caso dos veículos elétricos importados usados, foi desde março de 2022 que se verificou um crescimento desse segmento de mercado, o que demonstra que o interesse por veículos elétricos não diminuiu e que os utilizadores procuraram outros locais onde adquirir um veículo elétrico.
Esta tendência é mais visível nos veículos elétricos ligeiros de passageiros, devido a uma muito maior pressão da procura que se verifica em Portugal, muito motivada por uma cada vez maior consciência da necessidade de cada um de nós reduzir o consumo de combustíveis fósseis.
Em menor grau também se verifica um aumento do interesse pela importação de veículos elétricos ligeiros de mercadorias usados, embora exista uma crescente oferta desta categoria de veículos elétricos novos no mercado português.
Nas restantes categorias de veículos 100% elétricos existem poucos veículos importados usados, com valores de 4%, 3% e 2% nos Quadriciclos/Triciclos, Motociclos e Ciclomotores, respetivamente. Na categoria de veículos pesados, não foram registados veículos 100% elétricos importados usados.
Contudo, importa salientar que, segundo os dados fornecidos pela ACAP, que permitem à UVE realizar este tipo de análises de vendas mensalmente, existem dois tipos de operadores segundo o IMT – os ROM (Representante Oficial da Marca) e os NROM (Representante Não Oficial da Marca).
Os ROM são empresas que procederam à instrução de um processo de representação da marca automóvel junto do IMT e que foi aprovado por esta entidade, tendo-lhe sido atribuído um código de ROM. A quase totalidade das marcas de veículos ligeiros de passageiros, comercializados em Portugal, são ROM.
Os NROM são todas as entidades ou empresas que não detêm o estatuto de operador registado ou reconhecido, mas que exercem atividade comercial que lhes permite a admissão e/ou importação de veículos em estado novo ou usado, ou particulares que adquirem veículos para utilização própria. Estes dados têm origem na Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e têm por base a informação da Declaração Aduaneira do Veículo (DAV) dos veículos matriculados em Portugal.
Nos artigos mensais de vendas produzidos pela UVE, os valores considerados incorporam apenas os valores ROM, contudo, é interessante considerar os valores de vendas pelos NROM nas categorias de Ciclomotores, Motociclos, Quadriciclos e Triciclos, visto que representam entre 17% a 76% da totalidade de veículos matriculados nestas categorias, desde o início do ano.
Perante a crescente procura de novas formas de mobilidade mais suave nas grandes áreas metropolitanas – melhorando a qualidade do ar, reduzindo substancialmente o ruído e permitindo uma maior fluidez do trânsito – faz com que se vendam muito mais unidades de ciclomotores elétricos novos por parte dos NROM do que pelos ROM – com 76% de ciclomotores vendidos pelos NROM, face a 22% dos ROM, devido à falta de oferta por parte dos ROM.
Estes valores serão indicativos de um mercado emergente, com cada vez mais modelos diferentes na categoria de ciclomotores 100% elétricos, provavelmente composto por empresas e marcas recentes que estarão ainda no processo de registo junto da AT. A procura de ciclomotores cresceu perante o aumento da procura dos serviços de entrega ao domicílio (consolidado desde os períodos de confinamento nos últimos dois anos) e o gradual aumento das redes de partilha de veículos elétricos de duas rodas dentro das áreas urbanas.
Na categoria de motociclos, 35% de todos os motociclos 100% elétricos matriculados em Portugal desde o início do ano foram adquiridos por NROM que, sendo uma categoria com menos modelos disponíveis, é um valor significativo e que poderá significar – tal como no caso dos ciclomotores – que existirão empresas e marcas recentes ainda no processo de registo junto da AT, de forma a tornarem-se ROM.
Por último, na categoria de triciclos e quadriciclos 100% elétricos matriculados em Portugal, apenas 17% foram adquiridos por NROM. Numa categoria com poucos modelos ainda disponíveis – comparado com outras categorias – não deixa de ser importante salientar o crescimento verificado na procura deste tipo de veículos desde meados de 2021 – data em que foi lançado o Citroen AMI, que já deu provas de ser um caso de sucesso na Europa.
Dentro dos modelos de quadriciclos e triciclos, encontram-se disponíveis veículos adaptados para entrega de encomendas ou serviços de apoio, limpeza e assistência dentro das cidades. São também o tipo de veículos que seria ideal para novas redes de partilha de veículos elétricos dentro dos grandes centros urbanos – que tardam em regressar após a suspensão destes serviços no âmbito da prevenção do contágio da Covid-19.
Enquanto se verificarem as condicionantes em algumas das componentes, especialmente nos microprocessadores, mas também distúrbios nas cadeias logísticas e de transporte marítimo, mantendo-se e aumentando a forte procura pelos veículos elétricos em todas as categorias, os portugueses elegem os veículos elétricos importados usados da Europa, que entretanto os consumidores europeus tinham trocado por veículos elétricos com mais autonomia ou por novos modelos que começaram a sua comercialização na Europa.
Esta importação de veículos elétricos usados terá sempre um impacto muito positivo em Portugal pois permitirá a substituição de veículos com motores de combustão interna – a gasolina ou a gasóleo – por veículos elétricos. Embora também tenham aumentado as importações de usados das motorizações com motores térmicos, altamente poluentes, a introdução de um cada vez maior número de veículos elétricos deve ser saudada como um passo na direção correta da eletrificação dos transportes rodoviários e na descarbonização da economia, permitindo a Portugal atingir as metas a que se comprometeu, contribuindo assim para a mitigação dos efeitos nefastos das alterações climáticas, que podemos constatar diariamente.
Pela redução do consumo de combustíveis fósseis!
Pela eletrificação dos transportes rodoviários!
Pela descarbonização da economia!
Não existe Planeta B!
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